Spotlight – Dezembro, 2024
O ano de 2024 trouxe enormes desafios e tendências que provavelmente marcarão o mundo por várias décadas. Na última edição do Spotlight sugerimos que este poderia ser o início de uma nova versão dos “loucos anos 20”, marcados não só pelas rápidas transformações na indústria e na tecnologia, mas também nos hábitos e padrões da sociedade. Com estas alterações surgem novos desafios às democracias ocidentais, e o posicionamento futuro das mesmas face a uma série de variáveis exige respostas urgentes. Para a Europa, estes são desafios de elevada monta e tempo passa rapidamente.
Numa primeira análise, a economia está a mudar e a Europa precisa de se reposicionar num mundo de maiores adversidades geopolíticas. O debate acerca das eleições norte americanas e da futura presidência republicana faz antever um corte significativo nas relações transatlânticas em termos comerciais, naquele que promete ser um regresso a uma agenda de maior protecionismo global. Ao mesmo tempo, os conflitos militares que persistem na Ucrânia, criaram uma renovada cortina de ferro entre ocidente e leste que continua a acumular pressões económicas para as maiores economias da União Europeia, como é o caso da Alemanha. Por fim, mas não menos relevante, a Europa está a perder a corrida do século XXI em termos de inovação tecnológica, e arrisca-se a tornar-se irrelevante nas próximas décadas. A complexidade de crescer economicamente tem também vindo a criar desafios e cisões a nível social e político. A desilusão dos eleitores, o desapontamento com a capacidade das elites políticas em corresponder às expectativas dos cidadãos continua a alimentar os sentimentos populistas, que se refletem no aumento da simpatia eleitoral para com partidos eurocéticos protecionistas. Esta espécie de rebelião dos eleitores, que se reflete também muito em temas como o da imigração e da coesão social, é outro dos desafios do projeto da União Europeia, e constitui um desafio para a democracia.
Nesta edição do Spotlight, olhamos para as cinco variáveis que julgamos mais relevantes para o debate público em 2025. Na economia, Pedro Lino analisa os alertas deixados por Mario Draghi para a Europa. Na vertente da inovação tecnológica Catarina Peyroteo Salteiro e Laura Lisboa exploram os padrões de evolução da Inteligência Artificial, que promete moldar a economia nos próximos anos – observadores como a PWC e o Internacional Data Corporation (IDC) indicam que esta tecnologia poderá contribuir com cerca de 3,5% do crescimento em 2030. A nível político, Margarida Davim discute o impact0 das eleições recentes nas nossas democracias, enquanto Diana Soller nos escreve sobre a importância de a Europa despertar para uma nova realidade relacionada com os conflitos militares num mundo de equilíbrios internacionais complexos. Por fim, Sónia Leal Martins deixa-nos uma importante reflexão sobre a coesão e imigração, um tema incontornável em Portugal e na Europa nos próximos anos.